domingo, 29 de novembro de 2009

conto

instável, seu percurso diário ficou maior e mais demorado. talvez estranho demais, se não fosse um único olhar que a cegaria o mais amargo e intenso dia, dias de sua compulsiva vida. tão parecida quanto a própria sombra. surgiu como dona de seus olhos congelantes, trazendo vida para os seus sonhos. os encontros ao acaso tornaram-se quase, muitas vezes, sufocantes. o primeiro momento é o único que jamais será apagado de sua fraca memória. foi como uma flecha atravessando o corpo devagar e sólido. a presença, dela, do seu lado naquele instante foi a melhor das piores torturas. foi algo tão forte, que as vezes lhe confundia em sonhos e noites mal dormidas. a partir daquele momento, a entregou o mais puro de seus sentimentos, que talvez só tenha durado os últimos segundos de sua vida.
- tua boca tinha gosto de vinho e de saudade, daquilo que eu jamais teria. podia sentir o calor de seu corpo mesmo antes de toca-lo pela primeira vez. tinha cheiro de tempo frio com flores coloridas, vagando em um vôo de curtas asas quebradas -
foi a única vez que sentiu seu amor verdadeiro na cor da pele 
- eternizei aquele momento na minha imaginação, perdido nos meus sonhos, até...
o que aconteceu? viramos amantes. amantes de uma história irrelevante, amantes do nosso próprio orgulho, namorados de uma quase loucura, cegos da própria mente. inválidos do coração -
por um instante, amor.

C.L (o livro dos prazeres/ p.44)

"... queria entender o bastante para pelo menos ter mais consciência daquilo que ela não entendia. Embora no fundo não quisesse compreender. Sabia que aquilo era impossível e todas as vezes que pensara que se compreendera era por ter compreendido errado. Compreender era sempre um erro - preferia a largueza tão ampla e livre e sem erros que era não entender. Era ruim, mas pelo menos se sabia que se estava em plena condição humana."

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

FlorbelaEspanca

"Li um dia, não sei onde, que em todos os namorados
uns amam muito, e os outros contentam-se em ser amados...
Fico a cismar pensativa nesse mistério encantado...
Digo pra mim: de nós dois quem ama e quem é amado?"

terça-feira, 24 de novembro de 2009

vinte e quatro de novembro

Parece estranho mas a minha felicidade está sempre perto de uma tristeza sem fim. Eu tenho certeza de poucas coisas, quando acendo um cigarro tenho mais certeza ainda de outras poucas e muitas.
Eu quero viver do teu lado pelo simples fato de te amar, mesmo que minha felicidade não esteja completa, eu te amo por querer absolutamente. 
Poder sentir teu cheiro mais uma vez é melhor do que sentir toda a poeira desse dia tão estranho e vazio.

queria só, somente

enquanto eu fecho os olhos o sólido se multiplica com as batidas, com o brilho da minha cama. é difícil ter objetivos assim como é fácil se imaginar ou ter uma perspectiva de longos dias em terra roxa, imaginar é o mesmo que multiplicar a primeira letra do seu nome. 
enquanto eu fecho os olhos para pequenos erros de escrita em caixa alta, consigo ter tanta coisa engasgada pra te falar enquanto durmo. talvez se essa linha do tempo fosse um pouco mais torta o movimento de rotação se alinharia com o sol e a lua e você seria igual a mim ou pior.
eu só quero te dizer que eu não aceito uma vida com poucas perspectivas, que prefiro um café forte de manhã e dois cigarros antes de ir pra aula, que minha cabeça não para de pensar im minuto se quer e que a maioria desses pensamentos são em você e que lamento não ter sido tão ruim nesses últimos dias, lamento te querer fazer feliz.